surto de toxoplasmose

Primeiros exames da UFSM na água de Santa Maria não encontraram contaminação

Deni Zolin e Gabriela Perufo

MATÉRIA ATUALIZADA às 16h30min de 20/04/218

Os primeiros exames feitos pela UFSM em 8 amostras de água da Corsan em Santa Maria deram negativo para a presença de contaminação por toxoplasmose. Segundo Sílvia Gonzales Monteiro, professora de parasitologia veterinária da UFSM e coordenador do Laboratório de Parasitologia Veterinária, as amostras foram coletadas em oito residências da cidade, na quinta-feira, no ponto de chegada da água na casa (não passa pela caixa d'água), e os resultados foram de que a água é de boa qualidade. Mais coletas serão feitas para a continuidade dos exames.

ANÁLISE DA ÁGUA PELA CORSAN
Até esta sexta-feira, a Corsan não tinha coletado para análise da presença ou não do protozoário. Em reuniões ocorridas durante o dia ficou determinado que serão feitas duas análises específicas para detectar o protozoário da toxoplasmose: uma no laboratório da UFSM e outra que será enviada para a Universidade de Londrina, no Paraná, onde há um laboratório especializado em confirmar a presença do protozoário da toxo na água. 

Ainda não há confirmação de quando as amostras de água serão coletadas. Mas a Corsan confirmou que a coleta será feita em vários pontos do sistema de abastecimento da Corsan: barragens, estação de tratamento, sistema de distribuição, reservatórios e casas dos clientes.
Abaixo, um gráfico ilustrativo do caminho da água em Santa Maria.



PEDIDO DA PREFEITURA
Na manhã desta sexta, a prefeitura se reuniu com a Corsan e solicitou agilidade na análise da água. Conforme a assessoria de imprensa da prefeitura, foram solicitados os seguintes exames à Corsan:

  • Datas e laudos de limpeza de todos os reservatórios de água da Corsan em Santa Maria, entre 2017 e 2018 
  • Laudos dos exames laboratoriais de coletas de água da Estação de Tratamento e dos reservatórios dos anos de 2017 e 2018
  • Envio, à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), as coletas de amostra de água para análise (para comprovação ou não da toxoplasmose)
  • Autorização dos técnicos do serviço de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiágua) do Município e do Estado para coleta e envio das amostras ao Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS) e, em seguida, ao laboratório da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, conveniado aos órgãos de controle nacional autorizados pelo Ministério da Saúde (para comprovação ou não da toxoplasmose)

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Segundo Sílvia, é mais provável que a contaminação não seja pela água da Corsan, pois seria preciso que muitos gatos doentes e imunodeprimidos defecassem em algum reservatório para que houvesse a contaminação, já que gatos com boa imunidade não expelem o protozoário pelas fezes. Ela acredita ser mais provável que as pessoas contaminadas por toxoplasmose tenham se contaminado pela ingestão de carne malpassada e contaminada, ou por vegetais crus:

- Em propriedades rurais, é comum gatos defecarem e enterrarem as fezes. Daí o produtor vai plantar a verdura e ela pode se contaminar. Ou o gado vai comer a grama, se infecta e acaba ficando com a carne contaminada - disse ela.

Já o médico infectologista Reinaldo Ritzel reforça as suspeitas sobre contaminação da água, que pode ter ocorrido só em determinado momento, no início do ano, e os casos estarem se manifestando agora.

- São muitos casos. Muito acima do normal. Em vários segmentos da sociedade e cidade. Para quem fala que pode ter sido de carne contaminada, que carne é esta que chega em tantos lugares? Que verduras e vegetais são estes que chegam em tantos lares e ninguém mais lava?

E sobre os casos de cinco gestantes de outras cidades que estão no Husm, ele alega que podem ter sido casos isolados, como sempre ocorreu, e que acabam indo ao Husm por ser hospital de referência. Ou seja, podem não ter relação com a contaminação do surto ocorrido em Santa Maria.

FORÇA TAREFA
Em reunião no final da manhã desta sexta-feira, entre o reitor da UFSM, Paulo Burmann, diretores da Corsan e representantes da prefeitura, ficou definido que a Universidade Federal de Santa Maria vai criar uma força-tarefa para ajudar as autoridades do município e do Estado a descobrir a origem da contaminação que provocou o surto de toxoplasmose na cidade.

Segundo a reitoria, professores e pesquisadores de laboratórios e dos cursos de Engenharia Ambiental Sanitária, Química, Microbiologia e Biologia, além de médicos infectologistas do Hospital Universitário, irão trabalhar em conjunto.

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